Me sinto agora
numa nova era em meu querer.
já não me desfaço em lágrimas
por coisa qualquer.
Já não espero por quem não me quer,
nem faço castelos de areia.
O tempo de desilusão
ficou para trás.
O que é fugaz
não pode ser para sempre,
para além do que se vive agora.
Sou fruta madura,
que não precisa ser colhida,
pois sabe o momento
certo de ser a delícia
de um certo paladar
à espreita.
Sou jabuticaba
doce e saborosa,
que se estala
à primeira mordida
sequiosa de sabor.
Sou manga-rosa temporã,
um convite às mãos e aos olhos
de quem sabe das delícias
atemporais.
Não,
não anseio mais
pelas complicações do sexo.
Antes quero ser entrega,
ser feliz levemente,
conviver com a ausência
sem conflito,
amar sem desespero,
mas com todo esmero
do constante
primeiro encontro.
Quero desfazer-me
do sentido da posse
e assim me apossar de mim,
ser dona do meu nariz
nas questões
do bem viver.
E se sou fruta temporã
me ponho ao seu alcance
sem ,
por um instante,
pretender que se vá de mim.
Sou o que posso
e consigo ser.